Grupo, que surgiu em 2006 para protestar contra torturadores da ditadura, integra uma frente de 170 entidades para levantar mais de 20 milhões de assinaturas e convocar Constituinte
“Nossa tarefa é organizar a juventude para ajudar a fazer a mãe de todas as reformas, que é a reforma política”, diz Lúcio Centeno, um jovem de 28 anos, formado em ciência sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, militante Levante Popular da Juventude.
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Em abril, o número de participantes de um novo acampamento mais que triplicou. Cerca de 3.200 participaram de um encontro em Cotia, na região metropolitana de São Paulo onde, entre discursos e palavras de ordem, os jovens decidiram intensificar a organização dos comitês em todos os Estados.
“Estamos crescendo humildemente”, diz Lúcio. Segundo ele, o Levante já tem comitê em 25 Estados e conta, por baixo, com algo em torno de 10 mil militantes em todo o País. O movimento não tem vinculação partidária e nem recebe subvenções do governo. É sustentado pela ajuda financeira de parceiros como o MST, os sindicatos de metalúrgicos e contribuições de seus integrantes.
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Com uma estrutura horizontal, que não permite o surgimento de líder único, mas militantes que vão se alternando como porta-vozes, o Levante Popular da Juventude se diferencia das demais tribos que disputam as ruas depois da jornada de manifestações de junho do ano passado pelo grau de politização.
Seus integrantes se capacitam para o debate político e defendem uma pauta de reivindicações alicerçada em reformas estruturais, o que, paradoxalmente, os distancia de entidades como o Movimento Passe Livre – que deu início às manifestações de 2013 – e os grupos radicais abrigados sob o guarda-chuva do anarquismo, que são contra a via institucional.
“O pessoal do Levante Popular é da esquerda clássica, articula a bandeira da nova juventude e tenta carrear o apoio dos meninos de junho, que não conseguem lidar com hierarquia e valorizam demais a liberdade individual”, observa o sociólogo e cientista político Rudá Ricci. Segundo ele, dialogar como essa juventude, como quer o Levante, é hoje uma tarefa inglória.
“Não é fácil porque eles não são organizados”, admite Lúcio Centeno. Segundo ele, no caso do MPL, a pauta principal é transporte (mobilidade urbana), enquanto para o Levante, essa é uma das tantas reivindicações que só podem ser resolvidas pela mudança do sistema político atual.
Os militantes do Levante querem criar um canal de entendimento com os demais grupos jovens para evitar manipulações, como ocorreu no ano passado quando entidades do Ministério Público se aproveitaram dos protestos contra a corrupção para derrubar a PEC 37, bandeira estranha ao que pregava o MPL.
A entidade integra uma frente de 170 entidades e movimentos da sociedade civil que prometem, entre 1º e 7 de setembro, levantar mais de 20 milhões de assinaturas à proposta de convocação de uma Assembleia Constituinte Soberana e Exclusiva cuja finalidade, até a dissolução, seria fazer a reforma política. A bandeira chegou a ser levantada em junho do ano passado pela presidente Dilma Rousseff que, bombardeada por correligionários do PT e pelos partidos da base aliada, a deixou pelo caminho.
“O sistema atual não quer a reforma política”, diz o jornalista Igor Felippe Santos, do setor de comunicação do MST, e um dos apoiadores do Levante. “O recado das manifestações de 2013 é que há um rechaço à classe política, mesmo em relação aos partidos de esquerda. Nós não somos contra a institucionalidade, mas no modelo atual nada vai mudar porque ninguém quer. No atual modelo o mais incorruptível será cooptado ou exercerá no Congresso um papel insignificante”, afirma Lúcio Centeno.
Com a missão de conscientizar e atrair a juventude para o plebiscito, a constituinte e os temas que surgiriam a reboque da reforma política, o Levante definiu três etapas de uma agenda que preencherá um ano de Copa do Mundo em cujo período não deverão se manifestar. A primeira etapa, que é a articulação de forças ligadas à juventude já foi cumprida. Restam a organização de comitês em todo o País e, por último, o grande sonho da esquerda, que é a mobilização das massas para pressionar pelas mudanças.
“Vamos radicalizar a democracia. Será uma luta prolongada”, diz Lúcio, que vislumbra no movimento em curso a possibilidade de tornar as eleições de 2014 as últimas pelo atual modelo político-eleitoral. “Pelo menos é isso que a gente gostaria”, diz.
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