quarta-feira, 13 de agosto de 2014



Morte de Eduardo Campos embaralha eleição presidencial

quarta-feira, 13 de agosto de 2014 22:29 [Nenhum Comentário]
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Leandro Amaral
Mesmo sendo vice de Eduardo, Marina ostentava mais intenções de voto do que o titular da chapa. A morte trágica do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, candidato a presidente da República, vítima de um acidente aéreo nesta quarta-feira (13/08) é avaliada como um divisor de águas na sequência da campanha eleitoral. Mesmo em terceiro lugar nas pesquisas e sem alcançar os dois dígitos nos levantamentos, Eduardo representava a novidade e a mudança que poderão ser representados de forma ainda mais emblemático pela a vice, Marina Silva, que foi candidata a presidente em 2010 e obteve cerca de 20 milhões de votos.

Almir Cicote (PSB), vereador de Santo André e candidato a deputado estadual, diz que ainda todos muito abalados. "Anda é cedo para falar de futuro, mas sem dúvida a Marina representará e, muito, a sequência desse projeto", diz o candidato.
Aidan Ravin (PSB), ex-prefeito de Santo André, diz que está em estado de choque. "Ninguém imaginaria que isso fosse acontecer. Agora estamos de luto, mas temos de pensar também na sequência eleitoral e a Marina, sem dúvida, é um nome muito expressivo", destaca Aidan, candidato a deputado federal.

Para o presidente do PT de Santo André, Luiz Turco, candidato a deputado estadual, o momento é de avaliação. "Precisamos aguardar, mas evidentemente altera o cenário. Precisamos ver qual será a reação do PSB", diz. Apesar de Eduardo ser concorrente do PT, Turco lembrou da relação de amizade que o ex-governador tinha com vários petistas, principalmente o ex-presidente Lula.
Com Marina
Mesmo sendo vice de Eduardo, Marina ostentava mais intenções de voto do que o titular da chapa. Porém, pelo desgaste evidenciado entre integrantes do PSB e da Rede, em fase de formação, pode dividir os correligionários no futuro da corrida presidencial. Mas a resistência encontrada possivelmente no ambiente interno contrasta com o clima favorável das ruas. Marina tem uma imagem bem aceita pela população atrelada à ética e aos bons modos da política. "E ela conta ainda com o sentimento de comoção das pessoas e representa a sequência do projeto de renovação estabelecido com o Eduardo Campos", disse um vereador socialista no bastidor.

Sem Eduardo e com Marina, o futuro é incerto porque tudo que é projetado faz parte da futurologia. A única certeza é que nada seguirá igual. Uma nova eleição se iniciou a partir do dia 13 de agosto. Até o fechamento desta reportagem o PSB ainda não havia definido se Marina Silva seria mesmo a candidata.
Especialista diz que Marina não substituirá Eduardo

Roberto Romano, professor de Ética da Unicamp, avalia que a morte de Eduardo Campos também vai enterrar o fim do Fla-Flu, que se projetava nesta eleição com a terceira via do ex-governador. "Ele não ganharia mas ampliaria muito a base para 2018. Eduardo representava o novo e introduziu oxigênio na política brasileira, pois nos últimos 20 anos só existiu alternância entre PT e PSDB", diz ao acrescentar que agora tudo volta à situação anterior.

Mesmo com a iminente indicação de Marina Silva para o posto, Romano não acredita no mesmo resultado. "Se ela for indicada vai precisar de uma engenharia interna muito grande. E, além disso, ela não tem a abertura e capacidade de diálogo que o Eduardo tinha. Ela tem um eleitorado cativo, mas ela apresenta obstáculos a várias alianças. O Eduardo herdou a capacidade do Miguel Arrais de articulador político e de agregar", completa.
Na avaliação do economista Juliano Ferreira, da Icap Brasil, pesa o fato de Marina ter maior aderência aos eleitores por já ter concorrido à Presidência. "Evidentemente ela é mais conhecida. Todo esse cenário é negativo para Dilma Rousseff. Uma pessoa de maior expressão poderá incorporar mais a ideia de que uma mudança na política seja necessária e que Dilma não seria a pessoa certa para endereçar essas mudanças. O eleitor indeciso com certeza migraria com mais facilidade para Marina Silva", destaca relatório da Icap Brasil.
Em relação a Aécio Neves, Ferreira disse que a situação também tende a se complicar, caso a ex-senadora assuma o papel de candidata do PSB a presidente. Segundo ele, é bem provável que o "split" de Marina para Aécio seja melhor do que a da ex-ministra para Serra em 2010, já que o momento é outro (maior insatisfação). "O problema é que Marina consegue criticar o PSDB de forma bastante dura, nos mesmos moldes que faz contra o PT", explicou.
Mensagens
Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC
"Foi com muita tristeza e pesar que recebi a notícia da morte de Eduardo Campos. O País perdeu hoje um dos seus mais talentosos e promissores políticos e eu, um amigo querido e companheiro de lutas. Quis o destino que ele nos deixasse no mesmo 13 de agosto em que se foi o seu avô, Miguel Arraes, personagem fundamental na história política recente do País e no processo de redemocratização brasileiro, de quem Eduardo Campos era o herdeiro político. Nesse momento de dor, me solidarizo com todos que viam em Eduardo um exemplo de político a ser admirado e seguido. E decreto luto oficial por três dias na nossa cidade. A todos os integrantes da família Arraes e ao povo pernambucano meu carinho e minha solidariedade, assim como de todo o povo de São Bernardo do Campo".
Donisete Braga, prefeito de Mauá
"Lamento profundamente o falecimento do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, em um acidente aéreo, na manhã desta quarta-feira em Santos. Campos emergiu como uma nova força política nacional a partir de seu Estado, influenciado pela figura ímpar do avô, Miguel Arraes. Neste momento de dor expresso minhas condolências a familiares e amigos."
Paulo Pinheiro, prefeito de São Caetano
"A classe política brasileira está em luto, a população de São Caetano está em luto pela trágica morte de Eduardo Campos (PSB), candidato à presidência da República. Em nome do povo da nossa cidade, deixo os votos de pesar à família de Eduardo Campos, uma perda imensurável para o debate político nacional, por sua postura democrática e visão republicana. Que Deus possa confortar a todos."
Alexandre Padilha, candidato ao governo de São Paulo pelo PT
"A morte de Eduardo é uma tragédia em todos os aspectos, para a família, amigos e para o país, que perde um político sério e comprometido com seus princípios. E é um enorme baque para os políticos da minha geração. Fomos companheiros na equipe do presidente Lula, convivi muito com ele e com a sua família. Éramos amigos. Neste momento o que podemos fazer é estarmos próximos aos familiares dele, da esposa Renata, da sua mãe Ana Arraes, de seu pequeno Miguel e demais filhos, Maria Eduarda, João, Pedro e José."
Paulo Skaf, candidato ao governo de São Paulo pelo PMDB
"O Brasil perdeu hoje um grande estadista, um homem público da maior qualidade, que exerceu a política com competência, honestidade e dedicação. Eu perdi um amigo, com quem tive a honra de conviver. Eduardo Campos foi um dos incentivadores de meu ingresso na política. Há cinco anos, iniciei minha trajetória política em seu partido, o PSB. Quero me solidarizar com sua família e seus amigos. Quero me solidarizar também com o povo de Pernambuco pela perda de seu grande líder."

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